de Max Lucado
Muitos dos nomes
na Bíblia que se referem ao Senhor são imponentes e augustos: Filho de Deus,
Cordeiro de Deus, Luz do Mundo, A Ressurreição e a Vida, Estrela da Manhã,
Aquele que Devia Vir, Alfa e Omega.
Essas são
frases que esticam os limites da linguagem humana num esforço para capturar o
que é incapturável, a grandeza de Deus. E por mais que tentem elas nunca
satisfazem. Ouvi-las é quase que ouvir uma banda do Exército de Salvação
tocar na esquina o "Messias" de Handel por ocasião do Natal. Uma
boa tentativa, mas não funciona. A mensagem é majestosa demais para o meio
de comunicação.
O mesmo
acontece com a linguagem. A frase "Não há palavras para
expressar..." é a única que pode ser honestamente aplicada a Deus.
Nenhum nome lhe faz justiça.
Mas existe
um nome que recorda uma qualidade do Mestre que confundiu e compeliu aqueles
que o conheceram. Ele revela um lado dele que, quando reconhecido, é
suficiente para fazer com que você se prostre.
Ele não é
pequeno nem grande demais. E um nome que se ajusta como o sapato se ajustou ao
pé de Cinderela.
Jesus.
Nos
evangelhos é o seu nome mais comum — usado quase 600 vezes. E era mesmo um
nome comum. Jesus é a forma grega de Josué, Jesua e Jeosua — todos nomes
familiares no Velho Testamento. Houve pelo menos cinco sumo sacerdotes
conhecidos como Jesus. Os escritos do historiador Josefo se referem a cerca de
vinte pessoas chamadas Jesus. O Novo Testamento fala de Jesus, o Justo[1],
amigo de Paulo, e o feiticeiro de Pafos é chamado Bar-Jesus[2].
Alguns manuscritos dão Jesus como o primeiro nome de Barrabás. "A quem
quereis que eu vos solte, a Jesus Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo?"[3]
Qual é o
ponto? Se Jesus viesse hoje, o seu nome poderia ser João, Beto ou Carlos. Se
ele estivesse aqui hoje, é duvidoso que se distanciasse com um nome elevado
como Reverendo Santo Divindade Angelical III. Não, quando Deus escolheu o
nome que seu filho teria, ele escolheu um nome humano.[4]
Preferiu um nome tão típico que aparecesse duas ou três vezes em qualquer
chamada de escola.
"O
Verbo se fez carne", disse João, em outras palavras.
Ele era
palpável, acessível, alcançável. E, mais ainda, ele era comum. Se
estivesse aqui hoje você provavelmente não o notaria quando estivesse em
meio a uma multidão fazendo compras. Ele não faria as cabeças se voltarem
por causa das roupas que usava ou pelas jóias com que se adornava.
"Me
chame apenas de Jesus", quase se podia ouvi-lo dizer.
Ele era o
tipo de pessoa que você convidaria para assistir um jogo de futebol em sua
casa. Ele brincaria no chão com seus filhos, cochilaria no seu sofá, e faria
churrascos em sua grelha. Ele riria das suas piadas e contaria algumas das
dele. E quando você falasse, ele ouviria como se tivesse todo o tempo da
eternidade.
Uma coisa
é certa, você o convidaria de novo.
Pense nas
implicações. Quando Deus decidiu revelar-se à humanidade, qual o meio que
usou? Um livro? Não, isso foi secundário. Uma igreja? Não. Isso foi uma
conseqüência. Um código moral? Não. Limitar a revelação de Deus a uma
lista fria de "faça" e "não faça" é tão trágico como
olhar para um mapa rodoviário e dizer que você viu as montanhas.
Quando Deus
decidiu revelar-se, ele fez isso (surpresa das surpresas) através de um corpo
humano. A língua que ressuscitou os mortos era humana. A mão que tocou o
leproso tinha sujeira debaixo das unhas. Os pés sobre os quais a mulher
chorou eram calosos e empoeirados. E suas lágrimas... oh, não se esqueça
das lágrimas... elas vieram de um coração tão quebrantado como o seu ou o
meu jamais o foram.
"Porque
não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas"[5]
(Heb 4:15)
As pessoas
se aproximavam então dele. Puxa, como o procuravam! Elas surgiam à noite;
tocavam nele quando caminhava pelas ruas; seguiam-no até o mar; convidavam-no
para suas casas e colocavam seus filhos aos pés dele. Por quê? Porque ele se
recusou a tornar-se uma estátua numa catedral ou um sacerdote num púlpito
elevado. Ele escolheu em vez disso ser Jesus.
Não há
sequer uma sugestão de alguém que temesse aproximar-se dele. Havia alguns
que o ridicularizavam. Havia outros que o invejavam. Outros ainda que não o
compreendiam. E outros que o reverenciavam. Mas não havia ninguém que o
considerasse santo demais, divino demais, ou celestial demais para ser tocado.
Não houve uma pessoa sequer que relutasse aproximar-se dele com medo de ser
rejeitada.
Lembre-se
disso.
Lembre-se
disso da próxima vez que ficar surpreso com suas próprias falhas.
Ou da próxima
vez em que acusações ácidas fizerem buracos em sua alma.
Ou da próxima
vez em que olhar para uma catedral fria ou ouvir uma liturgia sem vida.
Lembre-se.
É o homem que cria a distância. É Jesus quem constrói a ponte.
"Me
chame apenas Jesus."
[1]
Colossenses 4.11
[2]
Atos 13.6
[3]Mateus
27.17 William Barclay, Jesus As They Saw Him (Grand Rapids, Mich: Wm. B.
Eerdmans).
[4]
Mateus 1.21
[5]
Heb 4:15
_______
(grifo meu)
Nenhum comentário:
Postar um comentário