segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Na cruz. Quando Jesus fala da sua sede, ele mostra a realidade humana do sofrimento.

(imagem meramente ilustrativa)

“Tenho sede”

Na sua morte, como ao longo da sua vida, Jesus olhou para as necessidades dos outros. Deus é amor, e assim Jesus manifestou o amor em carne, mostrando sua sincera preocupação com os outros. Muitas vezes, ele ignorou as suas necessidades físicas. Passava noites sem dormir e dias sem comer para servir aos outros. Não foi diferente durante a crucificação. Jesus procurou o bem da sua mãe, de um ladrão arrependido, e até dos soldados que executaram a sentença de morte quando o pregaram na cruz.

No meio das suas palavras de amor para com os outros, aparece uma expressão de Jesus que admite seu próprio sofrimento. Somente depois de cuidar das suas responsabilidades para com os outros, Jesus comentou da sua condição. “Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: Tenho sede!” (João 19:28).

Durante as primeiras horas na cruz, Jesus focalizou sua missão de cumprir as Escrituras. Sendo ele o Messias, citado em centenas de profecias, e aquele que cumpre o Antigo Testamento, Jesus viu seu trabalho em termos de cumprir seu propósito (Mateus 5:17). O apóstolo Paulo descreveu este papel importante de Jesus em poucas palavras: “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Romanos 10:4).

Quando Jesus fala da sua sede, ele mostra a realidade humana do sofrimento. Depois de umas seis horas na cruz, ele admitiu sua agonia com as simples palavras: “Tenho sede”. Até nessas palavras observamos e exemplo perfeito de Jesus. Ele poderia ter passado horas gritando e reclamando sobre a dor imposta nesta punição cruel. Ele poderia ter amaldiçoado os soldados e oficiais que determinaram sua morte, como muitos outros na mesma situação o faziam. Mas Jesus não deixou a dor e o sofrimento tomar controle dele. Até nesse aspecto do seu exemplo achamos uma mensagem valiosa. Todos nós sofremos, sejam dores físicas ou emocionais. Não é errado admitir a dor, mas a dor não justifica comportamento errado de maltratar os outros.

Há um contraste interessante entre a reação de Jesus a dois gestos, um no início da crucificação e outro depois de ele comentar sobre sua sede, horas depois. Quando se prepararam para pregar Jesus na cruz, ofereceram-lhe vinho misturado com uma droga para aliviar a dor, mas ele recusou (Marcos 15:23). Ele não deixou nenhuma droga amenizar o sofrimento que tomou sobre si. Encarou a agonia da cruz – agonia causada pelos pecados de pessoas como eu e você – acordado e consciente. Mas agora, depois de cumprir sua missão e chegando ao momento de perder a consciência, aceitou o vinagre oferecido.

Qual foi o benefício do vinagre? Depois de tomar o vinagre, Jesus falou talvez mais duas coisas antes de expirar. O benefício do vinagre seria, no máximo, de lhe dar alguns momentos de lucidez e de molhar a boca para deixá-lo falar. Não teria aliviado a dor naquele ponto avançado da crucificação.

Mas será que não houve um outro benefício nisso? No meio de tanta crueldade das pessoas responsáveis pela morte de Jesus, ele abriu uma oportunidade para alguém fazer um pequeno gesto de bondade. Da mesma maneira que um copo d´água pode simbolizar o amor que Jesus tanto deseja nos seus seguidores (Mateus 25:31-40), o gesto de levantar um caniço com uma esponja molhada em vinagre representa a oportunidade para alguém demonstrar um pouco de compaixão no momento da morte de Jesus. Diferente da autonomia total defendida pelo estoicismo (uma filosofia helenista com suas raízes no terceiro século a.C.), Jesus admitiu sua dor e permitiu que outros oferecessem ajuda.

Não devemos deixar a dor e o sofrimento dominarem as nossas vidas ou controlarem o nosso comportamento, mas não há virtude em mentir e negar a realidade da dor. Quando Jesus falou da sua sede, ele abriu oportunidade para outros servirem e mostrarem compaixão. “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo” (Gálatas 6:2).

mensagem de Dennis Allan
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